segunda-feira, dezembro 04, 2006

A soja gaúcha


Foram divulgados os resultados da primeira avaliação científica de lavouras ilegais de soja transgênica no Rio Grande do Sul. O trabalho foi desenvolvido durante o mês de março de 2002, na região de Palmeira das Missões, por dois conceituados geneticistas brasileiros -- o Dr. Rubens Nodari, prof. da Universidade Federal de Santa Catarina, e o Dr. Deonísio Destro, prof. da Universidade Federal do Paraná -- e demonstra que a soja transgênica plantada apresentou vários problemas agronômicos.
Houve, nas lavouras transgênicas, uma perda média de 9 sacas por hectare - a produtividade média da lavoura transgênica foi de 17 a 20 sacas/hectare, enquanto a da lavoura convencional é de 28 a 30 sacas.
Também foi constatada pelos especialistas (ambos doutores genética) uma grave alteração oriunda da modificação genética. Trata-se da rachadura no caule devida ao excesso de lignina nas plantas transgênicas, problema que já havia sido detectado em lavouras de soja transgênica nos EUA. Este problema se expressa na presença de temperaturas elevadas e de seca e afeta diretamente a produtividade das plantas.
Outro problema constatado em algumas propriedades foi o ataque inusitado do inseto “burrinho”, que normalmente não ataca a soja (na região ele só atacava a batatinha). Os agricultores supõem que este ataque seja devido à ausência de plantas invasoras nas áreas onde o efeito do herbicida foi total. Segundo os pesquisadores, não se pode descartar a hipótese de que este inseto venha a se tornar uma praga com possibilidade de causar danos econômicos consideráveis.
Mais um problema grave, que também já havia sido identificado nos EUA, foi a presença de colônias de fungos, provavelmente do gênero Fusarium, nas raízes das plantas. Cientistas da Universidade de Missouri, nos EUA, também registraram, em janeiro de 2001, uma incidência de Fusarium significativamente mais alta nas raízes de soja RR que havia recebido as doses recomendadas do herbicida Roundup, comparadas com soja que não havia recebido o herbicida.
Foi constatado também um dos problemas mais evidentes decorrentes do cultivo de plantas resistentes a herbicidas, que recebem doses repetidas de um mesmo produto químico: o desenvolvimento de resistência também nas plantas invasoras.
Os professores registraram o aparecimento de pelo menos três espécies de “mato” resistentes às doses recomendadas do herbicida Roundup: a corda-de-viola ou curriola (Ipomoea purpurea), a leiteira ou amendoim bravo (Euphorbia heterophylla) e a estrela africana (provavelmente
Cynodon plectostachys).
Este problema tem levado os agricultores (como nos EUA) a usarem cada vez mais herbicida. Na região avaliada, eles têm feito no mínimo duas aplicações (fora a aplicação de pré-emergência, que se faz também nas lavouras convencionais), com dosagens de mais de três litros do veneno por hectare. Entre as conseqüências deste maior uso de agrotóxico, estão o maior custo de produção para o agricultor, a maior contaminação do meio ambiente (e do próprio agricultor) e maiores resíduos do veneno na soja, trazendo prejuízos para a saúde dos consumidores.
A conclusão dos pesquisadores é de que os prejuízos dos agricultores gaúchos que entraram nesta “barca furada” chegarão a 200 milhões de reais este ano - considerando que tenham sido cultivados 1 milhão de hectares com as variedades transgênicas.
Para aqueles que vêm acompanhando as informações sobre os problemas que os cultivos transgênicos vêm apresentando nos países onde são permitidos, estas constatações não representam surpresa alguma.
Mas devem estar surpreendendo os fazendeiros gaúchos que ainda estão caindo na conversa das empresas e do governo federal. Mais surpresos ainda eles ficariam se os transgênicos fossem de fato liberados logo. As sementes transgênicas, que nos EUA custam em média 40% mais que as sementes convencionais, estão sendo vendidas aos agricultores do Sul por até metade do preço das sementes comuns - o que explica em grande parte sua disseminação na região. Uma vez liberadas oficialmente as sementes transgênicas, esta “vantagem” não duraria nem mais um dia.

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2 comentários:

Anônimo disse...

De que fonte isso foi inventado, coloca uma referência bibliográfica se quer discutir a realidade. A couve, a alface e a soja são culturas selecionadas pelo homem durante anos, os transgênicos são a mesma coisa mas com mais eficiência, não vai sair urânio da soja nem carapatos mutantes. Se tivéssemos liberdade pra produzir transgênicos específicos sem esses vândalos do mst atrapalhando, a pequena propriedade do RS estaria muito melhor !

Anônimo disse...

O povo gaúcho parece estar ficando retardado nessa questão dos transgênicos, desde quando uma semente que nasce uma vez apenas é boa... Se é tão bom um produto transgênico, por qual motivo seus inúmeros derivados não tem o selo do T amarelo e preto obrigatório, indicado nas embalagens, simples por se tratar de uma porcaria com código de barras, MEUS AMIGOS, SE INFORMEM MELHOR ANTES DE DESTRUIR SUAS PROPRIEDADES COM PRODUTOS TRANSGÊNICOS. (PENSE NOS SEUS FILHOS E NETOS PELO MENOS)