domingo, maio 06, 2007

Jornalismo venal

A ZH de destes dias chegou a um limite. Em uma longa matéria aborda a crise no governo da tia Yeda com o seu vice governador trazendo as mazelas anteriores ainda a própria campanha eleitoral. A crise se tornou irreversível na última semana quando Feijó pediu para a deputada Stela Farias (PT) para ser convidado a participar de audiência pública na Comissão de Serviços Públicos a Assembléia Legislativa. O problema está na abordagem e no conteúdo da matéria em si.

ZH segue uma linha editorial chapa branca simplesmente porque entende corretamente que as alternativas conservadoras estão se esgotando e a possibilidade do retorno da administração popular é concreta. O grupo RBS está em situação complicada em termos financeiros e não suportaria viver às minguas novamente com um governo de esquerda, como ocorreu com Olívio. É puro instinto de sobrevivência.

A matéria faz uma enxurrada de adjetivos ao vice governador numa tentativa de avaliar qual seria seu motivo para tanto barulho, que no entender do jornal, sem o menor sentido. As expressões utilizadas pelo missivista são invariávelmente negativas e insinuosas quanto a sua sanidade mental. Começa com "O que houve com Feijó?" e não perguntando o que houve com o governo, "enigma", "idéias fixas" qualidade de loucos certamente, "falta de pudor", "gerador de conflitos", "comportamento controverso", "explosivo", "amigos descartam perturbação mental", o pai de Feijó foi perguntado sobre a sanidade do filho (!), "inflexível", "contundente", "incisivo", "ridículo", "obstinado", "interesses contrariados", e outros.

Além de insinuar ser maluco descartando que amigos e o próprio pai não o vêem assim, o jornal busca atribuir o seu comportamento a conduta anti ética. Primeiro faz uma ilação de lobby por seguradora sem apontar nada de concreto, tudo nebuloso. Depois  alega que Feijó queria indicar o presidente do banco, como se isto fosse um crime, Feijó é o vice governador e seria plausível que quisesse indicar alguém, ou não?

Zero Hora chega ao fundo do poço, jornalisticamente. Ao longo de toda a longa matéria, em nenhum momento o jornal se ocupou das 51 perguntas que constam no dossiê entregues ao vice na Comissão, em nenhum momento averigua seu conteúdo, em nenhuma linha dá a possibilidade do vice estar sendo cidadão que quer a apuração de irregularidades. Lamentável, mais uma vez.

Além disto, escapou ao jornal a questão de que o vice já teria entregue o dossiê para o presidente da Assembléia, Frederico Antunes (PP), e ao chefe da casa civil, Fernando Záchia (PMDB), sem que estes tivessem tomado qualquer medida no sentido de apurar os fatos. Isto está no Código Penal Brasileiro e se chama prevaricação e pode acarretar perda de mandato para os dois, bem como prisão! Isto não aparece na matéria. Por qual razão estes dois dirigentes não tomaram providências? Quem estão protegendo?

Lemos continua no cargo, Simon saiu da toca para defender seu apadrinhado e Yeda não aponta nenhuma medida no sentido de demiti-lo ou investigar o dossiê, estamos no meio de uma crise institucional e o judiciário deve ser acionado imediatamente. Se fosse um governo sério, Lemos aguardaria em casa a visita da Polícia Federal, afastado de suas funções, direto para a cadeia. Estão dando tempo para ele "limpar" a mesa e apagar os indícios.





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Um comentário:

Anônimo disse...

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A questão é que uma investigação da gestão do Banrisul agora prejudicaria, e se encontradas irregularidades, jogaria por terra os esforços de privatizar parte do capital do banco.
E privatizar o banco, como se sabe, é coisa elogiável. Mantê-lo estatal ou público, "um atraso". Mesmo que o banco renda bom dinheiro aos cofres públicos semestral ou anualmente, e não apenas por ocasião da venda.
Afinal, depois de quatro anos estaremos fora, de preferência em postos de destaque em empresas (ou bancos) privados.