quinta-feira, janeiro 11, 2007

Hugo Chávez, o misterioso





Confesso que deveria ter um conhecimento mais aprofundado sobre a Venezuela e sobre Chávez para opinar sobre o que rola no estado vizinho, mas mesmo assim vou apontar algumas coisas que me preocupam. A oposição à Chávez é míope e desarticulada, para se ter uma idéia chamou ao boicote das eleições parlamentares do ano retrasado, resultado: não tem representantes no parlamento! Que bestas.

Amigos estiveram lá, já li livros e assiti documentários interessantes que apontam as investidas do governo para eliminar a pobreza e reverter os lucros substanciais para a população mais necessitada e a coligação política de Chávez com todos os espectros da esquerda existente no país apontam a perspectivas alviçareiras ao vizinho.

Os EUA continuam na idéia de que a Venezuela se coloca numa posição de desequilíbrio militar na américa latina e que isto é uma ameaça aos países vizinhos, seja lá o que isto quer dizer. Ameaça a paz no mundo hoje, como todo mundo sabe, é o residente da Casa Branca. Este papo não cola. A declaração de Chávez de que não deixaria de ajudar Evo Morales contra qualquer ameaça é correta e dá para a CIA algo a temer antes de sair derrubando governos por estas bandas.

Mas tem uma coisa que me incomoda, e incomoda muito. Sou militante de esquerda desde que me conheço por adulto e transitei por muitos matizes e vi muitos princípios que nunca me disseram nada. A polêmica marxista do socialismo em um só país, a revolução camponesa, a versão foquista, a guerrilha, o entrismo, o determinismo histórico, a ditadura do proletariado e tantas outras teorias revolucionárias.

Sou um pouco utópico e ingênuo, acredito no ser humano e na sua capacidade transformadora, mas o socialismo e a verdadeira democracia advém da prática coletiva e partilhada tanto do ato de governar nos acertos como nos erros. A participação popular e a democracia socialista são alicerces profundos para mim.

O culto à imagem e a centralização administrativa, a falta de instrumentos de real participação popular e o perfil militar do governo não me deixam a vontade com a via bolivariana. Aliás, esta incorporação de filosofia bolivariana não me diz muito e me parece meio forçada.

Sei que a formação das forças armadas da Venezuela foram únicas nas américas, foi o país que formou um exército com perfil popular desde sua gênese e que todos seu oficialato e praças tem origem humilde de trabalhadores e que nunca foi utilizada para reprimir ou sustentar ditaduras militares como na quase totalidades de seus vizinhos.

Enfim, existe algo que me inquieta ainda um pouco na Venezuela, desejo sorte ao povo venezuelano e ao mais novo estado socialista mundial!

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