segunda-feira, setembro 10, 2007

Bolívia em guerra


Dividido em dois o país enfrenta desafios

Estive várias vezes na Bolívia nos últimos cinco anos, o país mais pobre da américa latina. Fui apenas uma vez à La Paz, Sucre, Potosí e Cochabamba e no restante apenas Santa Cruz de la Sierra. O país é completamente dividido geográfica, política e etnicamente, além de não possuir infraestrutura viária, ferroviária ou portos.
A Bolívia teve mais de 250 regimes em 500 anos de colonialismo, golpes, contra-golpes se sucederam e não existe quem conheça todos os presidentes que já teve. Até os trotskystas já estiveram à beira do poder em 1952, vacilaram e perderam o trem da história, é melhor ficar de fora atirando pedras nas vidraças alheias do que virar alvo fácil de todos.
A banda oriental do país, capitaneada por Santa Cruz, é plana e pantanosa como o Mato Grosso do Sul. Rica em petróleo e gás natural, é a São Paulo da Bolívia. A etnia predominante são os chamados "Cambas" que mais parecem os lavradores de filme mexicano de chapéu de palha, bata solta e calça brancas, traços mais europeus do que indígena e tom de pele tipo cuia. Já 200 km adiante a história é outra.
Os "Collas" (fala-se colhas) vivem na parte alta do país, no ocidente, majoritariamente indígena, olhos puxados e vestimenta colorida de acordo com a aldeia a que pertence. Os Andes são praticamente um deserto, sem água e pouco pasto, a sobrevivência é cotidiana e difícil.
A ferrovia existente liga o Brasil (Corumbá) à Santa Cruz e ali termina. As estradas são pistas de rali, nos últimos tempos alguns trechos internos foram pavimentados pelos americanos em troca do programa de combate ao narcotráfico. A estrada de Santa Cruz à Cochabamba é pavimentada e da última vez que ali estive, não havia sinalização e os deslizamentos estavam há muito na estrada. A fronteira com o Peru ao norte e ao sul com a Argentina possuem ligações precaríssimas e obras iniciadas e que seguem arrastadas há anos.
Como era de se imaginar, os "Cambas" se sentem usados pelo restante do país, basicamente "Collas". O poder econômico da região e o centralismo administrativo desviam para os setores mais pobres do país grande parte dos impostos arrecadados. Este sentimento geralmente é catalizado pela entia índia e pela ideologia consevadora que aponta ao fascismo declarado.
Agora Evo Morales eleito praticamente em detrimento de Santa Cruz, enfrenta o golpismo lacerdista que em processo contituinte tenta dar mais autonomia as províncias e mudar a capital para Sucre. O conservadorismo entende que La Paz é cercada por "Collas" (de fato nos arredores da capital está El Alto que promove caminhadas sucessivas à La Paz) e que isto impede o processo democrático no parlamento. Propõem mudar a capital política para lá como um ponto intermediário entre "Cambas"e Collas".
No final do mês Evo denuncia que a sua oposição é financiada pelos EUA, botando lenha na fogueira e provocando seus adversários. A Bolívia é um caldeirão pronto para explodir e o Brasil possui muitos interesses lá, empresariais e políticos. Imaginem um governo golpista e de direita neste momento na América Latina? Apoiado pelos EUA! Isto traria muita instabilidade para todos e não a Venezuela como dizem os gringos.


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2 comentários:

Anônimo disse...

sempre que tenhos minhas ferias gosto de ir na bolivia por ela ser um pais muito maravilhoso cheia de diversidade.( naum concorodo com pessoas que fazem maus comentario soubre pobreza ja que existe até nos paises mas rico do mundo.
axo a bolivia linda e marabilhosa pricipalmente o lago titicaca e sem contar a natureza de santa cruz dela sierra terra boa de viver.

Anônimo disse...

Também conheço bem a Bolívia e um execelente país para se visitar, a população ainda lhe dá bom dia nas ruas, sem falar que vc pode circular sem medo de assalto. O país pode ser pobre, mas tem um povo honesto e trabalhador. Fale da Bolívia quem a conhece.O trânsito é maluco, mas ainda respeitam o pedestre quando cruza a rua. O filhos vão às escolas e não ficam nas ruas usando drogas. Nós brasileiros não vemos a violência, a miséria e a corrupção no nosso país.