Chiquinho e o xerox

Certa feita um estafeta que trabalhava no gabinete do diretor-geral era o Chiquinho. Era um senhor de idade, ex-alcoolista e colorado que não se encaixava em nenhuma outra atividade por lá, haviam tentado de tudo, mas o Chiquinho era esquecido e acabava aprontando alguma. Boa gente, sempre tinha uma fala de entusiasmo e um belo sorriso nos lábios.

Ele ia a bancos, entregava e buscava documentos, mas tudo anotadinho nos mínimos detalhes, o local, a pessoa e coisa e tal, para não haver problemas. Para tirar cópias era outra história, com a requisição em mãos, se atravessava o pátio interno e em dias de chuva não raro molham-se alguns papéis. Numa ocasião a dona Dirce (chefe do Chiquinho) pediu uma cópia de um documento urgente e como chovia horrores, colocou num envelope pardo e despachou o Chiquinho rapidamente.

Segundos depois retornou o Chiquinho com a cópia. Dona Dirce olhou o xerox e viu uma folha toda negra, frente e verso. Ao perguntar o que era aquilo, o chiquinho respondeu orgulhoso:

- Dona Dirce, a senhora pediu uma cópia urgente e não falou se era frente e verso, na dúvida pedi assim.
- Mas Chiquinho, tu tirou uma cópia frente e verso do envelope!!!
- Não era isto que a senhora queria?


Moral da história: onde começava a responsabilidade do Chiquinho e onde terminava a do operador da máquina?