quarta-feira, junho 06, 2007

Chico e os Eucaliptos





Ontem assisti na TV à cabo um documentário de Chico Mendes, era o Dia Mundial do Meio Ambiente. O documentário mostrou várias fases da luta de Chico para a preservação da floresta amazônica que travou de dentro da floresta até as tribunas internacionais.

Chico, o seringueiro, enfrentou o império de frente. Trechos do filme chegam a emocionar, pois trata-se de um grande homem que só aparecem de tempos em tempos. Em compensação, os canalhas abundam de forma assustadora.

Foi impossível não fazer um paralelo da luta de Chico em relação a rodovia que planejava cortar os seringais e a implantação das "florestadoras" aqui no estado. Chico foi a Washington pressionar o BID para as compensações ambientais para a execução da obra, foi lembrar aos gringos que isto aqui não era terra de ninguém. A obra chegou a ser suspensa e foi acusado de ludista, de ser contra o desenvolvimento e toda aquela cantilena da direita empedernida usa quando não tem argumentos razoáveis.

Chico venceu a batalha e o mundo não foi mais o mesmo depois disto, hoje o próprio BID incorporou diretrizes muito claras sobre os povos autóctones e o meio ambiente. O planeta venceu, mas Chico foi assassinado por um estúpido fazendeiro -grileiro de terras públicas que não cumpre pena por estar foragido.

Aqui no RS os empreendimentos "florestais" chegaram profissionalmente, tinham a experiência do Espírito Santo. Compraram metade dos deputados na eleição passada com contribuições de campanha (tem gente do PT e PC do B) e têm o governo das pantalhas dominado. O Ministério Público parece ter optado por lavar as mãos afirmando que a responsabilidade é do governo e do legislativo e que irão analisar o caso que for denunciado, disponibilizando o seu endereço para apresentar formalmente a queixa. O MP virou Pilatos e deixará Cristo ir para a cruz liberando Barrabás.

O zoneamento estará nas próximas semanas em audiências públicas no interior do estado e será devidamente espinafrado pela bancada do eucalipto que fretará ônibus com trabalhadores rurais interessados nos empregos de primeira hora que as "florestadoras" dizem criar. Vão destruir o zoneamento, um estudo sério.

Sem o zoneamento a FEPAM faz o que quiser o governo, será a liberação geral. Serão plantados 1.000.000 de hectares de uma só espécie de árvore nativa da Austrália sem respeitar áreas úmidas, matas ciliares, matas nativas, tipo de solo e outros critérios razoáveis para proteger nosso ambiente natural. Será o desastre para o estado.

Falta-nos um Chico Mendes com sua autoridade e perseverança para enfrentar o mundo e impedir esta tristeza, que falta nos faz! Foi-se o tempo em que o movimento ecologista do estado conseguia mobilizar a opinião pública, hoje ela é movida a anunciantes. Se não tiver grana para anunciar e anunciar pesado nem sonhando abre pauta na grande mídia.





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Um comentário:

Anônimo disse...

Che, o Lutzenberger faz muita falta nestes dias. Ele, que é idolatrado pelos melancias de hoje (verdes por fora, vermelhos nas entranhas), trabalhou anos com a Riocel e foi enterrado sob um pé de eucalipto. Ele conseguia ver que é possível compatibilizar as coisas e que é melhor plantar eucaliptos do que derrubar mata nativa.