terça-feira, março 11, 2008

Finalmente reconhecem


Brasil como mediador

BBCBrasil.com | Reporter BBC | Para analistas, Chávez ocupa espaços, mas não ameaça Brasil
Na recente crise entre Colômbia e Equador, depois que helicópteros colombianos invadiram o território equatoriano para realizar um ataque contra membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ficou clara uma diferença de comportamento entre os governos de Brasil e Venezuela.

O presidente Chávez reagiu não apenas fazendo duras acusações à Colômbia, mas também enviando tropas para a fronteira com o país vizinho, sinalizando disposição de defender o Equador em um possível conflito militar.

“A posição do governo brasileiro foi muito mais significativa, porque não saiu em defesa do Equador, mas sim a condenar a ação da Colômbia, que foi o problema central”, diz o analista político equatoriano Milton Benitez.

“Chávez limita-se a replicar a política dos Países Não-Alinhados, já Lula tem mais flexibilidade e diversidade de aliados.
Na hora da verdade, quem bate o martelo é sempre o Brasil”, acredita Biardeau.


Teodoro Petkoff, ex-ministro do governo de Rafael Caldera nos anos 1990 e opositor a Chávez, concorda. “Chávez não ameaça
o Brasil. Existe uma paranóia americana que superdimensiona o seu governo.”

“Ambos desenvolvem estratégias diferentes, que avançam paralelamente, mas não são antagônicas. Nos projetos de integração,
Chávez enfatiza o fator político, e Lula, a consolidação econômica ”, avalia Javier Biardeau.

Além de estratégias distintas, o Brasil de Lula e a Venezuela de Chávez atraem públicos diferentes.


Para Benitez, o discurso de Chávez de permanente enfrentamento ao modelo econômico neoliberal e de ataque frontal à política
dos Estados Unidos atrai as camadas populares e os movimentos sociais de esquerda na América do Sul.


Um
dos biógrafos do presidente venezuelano diz que Chávez aplica na
radicalidade de seus discursos e posicionamento político as vantagens
que o petróleo lhe oferece. “Por estar sentado em um oceano de
petróleo, Chávez pode dizer aos EUA tudo o que os outros não podem e
capitaliza isso muito bem a seu favor ”, afirma Alberto Barrera.

Já os setores empresariais e as classes médias se identificariam com a presença moderada e negociadora do presidente Lula,
que, na avaliação de Milton Benitez, está condicionada às características da “supereconomia”.


“Esses
setores vêem em Lula uma liderança que garante a tranqüilidade na
região”, acredita. “Por ser uma superpotência econômica e social, o
Brasil se torna muito particular, a linguagem e as ações de Lula não
podem ser tão radicais, como as de Chávez”, afirma Benitez.


Para Javier Biardeau, “Chávez canaliza as mudanças radicais, e Lula aglutina as reformas moderadas. Chávez coloca gasolina
no fogo e Lula usa os extintores”.

“(Pelo) tamanho da economia, a importância relativa e, sobretudo, por ser o país com mais fronteiras, o Brasil está destinado
a ser o eixo de qualquer processo de integração”, acredita o analista político argentino Sérgio Berenztein.

Até mesmo do ponto de vista energético, com as recentes descobertas de petróleo no campo de Tupi, no litoral brasileiro, o
mapa de poder regional deve ser alterado em um futuro não muito distante.


Esses fatores somados desenham um quadro favorável ao Brasil, que nem o preço do petróleo nem o discurso de Chávez parecem
conseguir mudar.




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