
Sou pai de três destes, por enquanto. (Foto de embrião com 3 dias)
Procuramos um obstetra que solicitou exames de rotina tanto para mim, como para minha esposa. Com os resultados ficou claro que o problema era comigo. Meu espermograma deu um resultado muito ruim, o médico desaconselhou continuar tentando e recomendou começarmos a pensar em adoção. O impacto foi fortíssimo.
Lembrei do Carlão. Ele namorou uma prima minha e quando estudante de medicina fez um estágio em Paris exatamente sobre fertilidade masculina. Agora médico genicologista formado com consultório e clinicando na área. A conversa foi completamente diferente. Carlão explicou que muito pouco se pesquisou até agora sobre a fertilidade masculina e tudo que se acreditava até dez anos atrás hoje caiu por terra. Se sabe tudo sobre a fertilidade feminina, como funciona, quais hormônios e tal, mas quanto ao homem, as razões da baixa fertilidade e o que fazer para resolver ainda se sabe muito pouco.
Meus espermatozóides são lentos. Existem três tipos: A, B e C. Esta classificação é feita por observação microscópica onde os do tipo A são extremamente rápidos, os do tipo B lentos e os do tipo C parados. Não se sabe o que fazer para acelerá-los, ingerir bastante líquido e tomar café está provado que ajuda um pouco. A cada três dias todo o estoque de espermatozóides de um homem adulto são renovados e pode acontecer de uma "leva" ser melhor que a anterior ou vice-versa.
Carlão me recomendou tomar uma grama de vitamina C e 400 UI de vitamina E todos os dias. Existem estudos que indicam que este tratamento por três meses melhora a qualidade dos espermatozóides. De fato foi o que ocorreu, meu segundo espermograma foi bem melhor que o anterior, mas ainda insuficiente. Não havia alternativa além da Fertilização "in vitru" (FIV). Carlão não pôde continuar o tratamento, pois foi de volta para Paris fazer um pós-graduação em fertilidade masculina. Troquei de médico.
O novo médico pediu novos exames com os mesmos resultados. Agora haviam mais dois exames genéticos necessários: DNA espermático e de fragmentação do cromossoma Y. Cada um custa mais de R$ 600,00 e não é coberto por nenhum plano de saúde. Paga-se sem choro. Os exames genéticos foram bons, não há problemas nesta área embora eu tenha um irmão que é estéril por uma situação destas. Não há qualquer relação do problema dele com o meu.
Ficou claro que só com a FIV poderíamos ter filhos. Além disto, outra técnica seria necessária. A ICSI que é a inserção da cabeça do espermatozóide dentro do óvulo, isto aumentaria as chances de sucesso e não dependeria da força do próprio espermatozóide para a fecundação. Assim foi feito.
O tratamento envolve muito mais a mulher que ao homem. São necessárias várias injeções de hormônio (Gonal) para que a mulher ovule em quantidade, retenha-los (Menopur) e os amadureça (Cetrotide). Os óvulos são puncionados e colocados em esperma do pai também puncionado (com uma seringa fina) além do recolhido por masturbação na própria clínica.
Foram puncionados cinco folículos apenas. Folículos são a embalagem do óvulo, como a baga da uva e sua semente. Pela idade da minha esposa se esperaria mais, mas a resposta ao tratamento hormonal não foi excelente. Existem mulheres que produzem dezenas de folículos nestes tratamentos. Destes cinco, três foram fertilizados com sucesso. Segundo o médico, são lindos, de livro. A legislação permite que no máximo três embriões sejam reintroduzidos para o útero, mais poderia por em risco a gestação e a mãe. Quando são produzidos mais embriões o excedentes são congelados para uso em outra tentativa ou doados para pesquisa. As chances são de 30% para gravidez e em caso positivo 60% para gêmeos.
O embrião é a forma de vida com no mínimo duas células. Quando o espermatozóide se mistura com o óvulo, eles passam a compartilhar seus DNAs. Esta fusão de DNA forma a primeira célula de uma novo ser que começa a se autoreproduzir, as células começam a se multiplicar e no terceiro dia após a fecundação devem ser introduzidos no útero da futura mãe. A presença de embriões no útero da mulher dispara uma série de sinais químicos que instruem o corpo da mulher que ela está grávida e retém o embrião aderido ao útero e paralisa o ciclo menstrual.
Este momento é o mais crítico. A introdução dos embriões e a aceitação da gravidez pelo organismo da mulher. Estamos neste estágio hoje. No final de fevereiro poderemos saber se dará certo ou não. Caso contrário, tudo de novo e todo o custo outra vez. Oremos!
Atualização 31/01. Fomos a clínica e o médico nos mostrou a fotografia dos nossos embriões. São lindos mesmo, redondinhos e límpidos, pode-se ver os núcleos das quatro células de três novas vidas. Optamos por introduzir apenas dois, com três as chances aumentam muito pouco as chances de gravidez e só aumentaria a chance de gêmeos. O médico esclareceu que o útero da mulher não tem um vazio como representado nos livros de biologia, que na realidade as paredes do órgão são encostadas uma na outra, isto facilita o acesso dos espermatozóides na concepção natural. Os embriões são colocados bem no meio do útero e a mãe deve tomar AAS e fazer repouso.
O AAS é indicado para estimular a irrigação sangüinea no útero, quanto mais irrigados maior a chance de gravidez. Agora as chances estão em 70% e técnicamente já há gravidez embora de apenas quatro dias. Normalmente a mulher só sabe da gravidez quando atrasa o ciclo ao término do primeiro mês. Na fertilização se sabe o momento exato da fecundação e aos doze dias o exame HCG (de sangue) já comprova a gravidez e ao primeiro mês aparece nos testes de urina.
De hoje até o dia 11 será uma enorme expectativa. Olhando a folhinha e querendo que o tempo passe.
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