segunda-feira, março 29, 2010

O ovo e a galinha


Corrupção e a escravidão ao dinheiro.


Transferência federal gera corrupção - Economia - Estadao.com.br
A corrupção nos municípios brasileiros, que já é alta, sofre um forte impacto para cima quando as transferências federais aumentam. O que sempre foi uma crença intuitiva, para muitas pessoas, foi agora demonstrado estatisticamente, sendo medido de forma precisa, num trabalho de quatro economistas da Universidade Bocconi, de Milão, incluindo a brasileira Fernanda Brollo.
Quando se erra o diagnóstico, nunca vai ser curada a doença. A corrupção é uma chaga da democracia pelo simples fato de que somente nela a opinião pública sabe sobre o que rola nesta área. O combate à corrupção mereceria uma atenção especial das autoridades judiciais, pois a impunidade gera por si mais corrupção. No âmago da questão está o corruptor beneficiado e o agente beneficiador que vende facilidades, ambos agem em vários espectros da nossa sociedade.
Existe corrupção na administração do condomínio, no sindicato, no almoxarifado da empresa, na repartição pública, está disseminado de forma endêmica na sociedade. É um valor usual o desejo de ocupar certos postos com o objetivo de "se arrumar" ou na versão de que agora "chegou a minha vez".
Mas a matéria aborda uma questão séria, mas erra no diagnóstico. Faz uma ilação errada que só mistifica a questão e não ajuda em nada. Já na mancheta há a vinculação da corrupção à tranferências da União, quem lê pode imaginar que se forem suspensas as transferências diminuiria a corrupção. Isto é um absurdo. Na verdade a União há muito tem optado por transferir recursos direto aos municípios, em detrimento de utilizar-se de transferências aos estados ou a ação direta desde Brasília justamente porque desta forma é mais eficiente.
Está provado em estudos sérios que se faz mais com os mesmos recurso no âmbito local, ou seja a eficiência na aplicação dos recursos é melhorada com o repasse federal direto aos municípios. A matéria chega a ser maliciosa por não aprofundar a questão da forma que a assunto merece. Não é a transferência de recursos da União para os municípios que aumenta a corrupção, mas o aumento de recursos em si. A origem dos recursos não determina seu destino efetivo, mas sua própria existência.
A Universidade de Milão e a autora do estudo, Fernanda Brollo, ou esqueceram de analisar o aumento da corrupção nos municípios brasileiros pela ótica do aumento de recursos para investimento, ou queriam envolver deliberadamente o estado brasileiro dentro de uma visão liberal e crítico. A outra hipótese viável é que o jornal leu e reproduziu o que quiz do estudo. De qualquer forma a matéria me parece pouco científica.


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