terça-feira, junho 15, 2010

Mérito acima da lei


Queromeu, herói dos sem-noção.


TCE promete cortar seus próprios supersalários | Política
– Estou ganhando acima de R$ 26 mil, por merecer. Não roubei – afirmou uma servidora que pediu para não ter o nome divulgado.

Eu leio e não acredito. A Constituição teve de ser alterada para que o teto valesse, não há como cortar os vencimentos de quem recebe acima dele para não ferir o direito da irredutibilidade, restou à lei não reajustar quem ficasse acima do teto. Mesmo assim a medida ainda causa discussão.
Como o Brasil é um país atípico, o problema se dá justamente no órgão responsável por analisar e punir os maus administradores. Quem deveria fiscalizar estava na maior festa, locupletação total. O que esperar do Tribunal de Contas que teve seu presidente envolvido profundamente na Operação Solidária?
Neste contexto, ZH me aparece com a frase da servidora reproduzida acima. Ela usa o argumento da sua própria honestidade, para mim a honestidade é a virtude de quem não tem nenhuma outra. É fundamento. Dizer que por não ter roubado merece o salário acima do que prevê a lei é algo que não se deve imaginar crível. Caso a entrevista com a servidora seguisse além da primeira frase infeliz, certamente ouviríamos sua insatisfação com os vencimentos.
No Brasil, os sem-noção estão cada dia mais numerosos, eles são perigosos. Os sem-noção são capazes de tudo e não tomam conhecimento de nada. Como se só existissem eles no mundo, um mundo que gira dentro do seu próprio umbigo.
O quem faz da pessoa pensar que deve ganhar mais que o mandatário do país? Mais que a pessoa que carrega todas as responsabilidades de governo ou de julgamento? Como pode estas coisas acontecerem no país nos dias atuais?
Este tipo de gente recebendo R$ 26 mil para abrir portas, como ocorre na Assembleia, é que impede o magistério de ter salário melhor. A conta é uma só, o dinheiro é um só, se mal distribuído, uns ganham mais e vários ganham uma miséria. Ninguém parece se importar.


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2 comentários:

Anônimo disse...

A falácia se desmonta identificando qual argumento na cadeia de raciocínio é falsa.
De fato a servidora não roubou, liminarmente não roubou.
Mas merece ?
Para ganhar 26 mil é quase certo que acumulou alguma função gratificada.
Trata-se de um mecanismo torpe e rejeitado no resto da administração pública do Brasil, através do qual o exercício de um cargo faz "colar" na pessoa o valor da função à taxa de 20% ao ano.
Fique 5 anos como diretor administrativo e "cole" a gratificação pelo desempenho da função de forma perpétua aos vencimentos até o final da vida da sua pensionista.
Eis o ponto podre da falácia, o comportamento imoral, é aí que essas pessoas atingem esses valores, e que os preservam, mesmo que nunca mais estejam a altura dos cargos e vencimentos que uma vez desempenharam.

Anônimo disse...

Queromeu antes de falar da irredutibilidade de salários defendeu a manutenção do direito de acumular funções no salário (abolida com a constituição de 88) para quem já estava no serviço público.
Queromeu é a bancada mais influente e atuante da AL.
Tem tentáculos no judiciário, no ministério público, tem parentes na imprensa.
Anda de mãos dadas com o PIG, nenhum residente do Piratini pode afrontá-lo.
Se lá em 1993 tivessem cortado as asinhas desse pessoal hoje isso não seria escândalo.