Este poderia ter sido meu destino
Existem experiências que a gente vai guardar pro resto da vida. Eu tenho 43 anos e pela lógica não estaria postando hoje deste mundo, mas como a vida é ilógica... cá estou tergiversando sobre a vida numa a perspectiva de um sobrevivente.
Eram 18h de domingo e passei um dia fabuloso no sítio do meu sogro em Glorinha, eu só no refrigerante e peixinho para manter a dieta e continuar emagrecendo enquanto a galera se gelava grudada numa costela gorda. Viemos todos em dois carros e ninguém queria ir embora.
Na saída, o Mariano resolver vir conosco. Amigo solteiro da família e conhecido Don Juan. A estrada (RS-030) é bem conservada e apresentava movimento nos dois sentidos. De repente surgiu na contramão um Monza vinho de faróis acessos ultrapassando três carros simultaneamente e vindo na minha direção. Minha mulher grita e eu sem ação comecei a ver tudo em câmera lenta.
Vinha a 80 quilômetros por hora ou menos, mas o Monza estava à mil. Sair pro acostamento de areião era optar por perder completamente o controle do carro devido a velocidade que estava. De leve fui desviando pro acostamento sem muita convicção, neste exato momento o Monza quinou e ficou duas rodas no asfalto e duas no areião. Retornei para o meio da pista e fiquei sobre a linha divisória dando passagem para o Monza pegar o meu acostamento. Foi o que fez, com nova guinada o Monza saiu da minha frente e por não menos que uma polegada não bate de frente junto ao farol direito do meu Fox.
O Monza passou voando tão perto do meu carro que chegou a beliscar de leve o retrovisor! Pec! Passou voando pela janela do Mariano que por instinto se jogou para o lado apavorado. Passado o momento relâmpalgo, escostei o carro e fui em direção ao Monza que se estatelou numa vala. O motorista era um jovem e levava a mão às costas e mal coseguia caminhar de tão dolorido que estava. Ele se desculpou dizendo que não havia me visto. Neste momento desce um gaudério de um Pálio azul que era um dos três carros ultrapassados pelo Monza. "Eu te vi morrer batendo de frente" me dizia sem parar, nervoso.
O motorista do Monza com o telefone no ouvido vai saindo de mansinho, como se falasse ao telefone, quando gaudério gritou: "ele vai fugir, vamos pegá-lo!". Ameaçou ir ao encalça do garoto. Naquele instante me caiu a ficha, o carro era emplacado em Veranópolis, estava com o rádio arrancado e os falantes desconectados, um vidro traseiro quebrado. O carro era roubado. Disse ao gaudério ara deixar o rapaz fugir, pois devia estar armado e o carro era roubado.
Neste momento começa a chover e forte. Chamar a polícia foi um sacrifício, não fazem a mínima questão de atender, fazer duzentas perguntas idiotas e não atendem. E eu ali tremendo de frio e de cagaço, putz eu quase morri. Lembrei da minha mulher que ainda estava no carro. Ela não conseguiu sair do carro, estava em choque e apatetada com o episódio, ao me ver implorou para ir para casa. Avisei o gaudério: "Estou no lucro, quase morri hoje, tu fica e atende a polícia. Eu vou pra casa acalmar a patroa".
Fui pra casa e fiquei o resto do domingo meditabundo. Ia ser um domingo de merda, carro batido e hospital, aquela confusão. O Mariano dizendo que se fosse ele dirigindo iríamos morrer, que eu tive muito sangue frio. Pode ser, mas se eu estivesse correndo mais, ou tivesse tomado umas cervejas, ou me assutado ou qualquer outra coisa... Se repetissem o episódio dez vezes, dez vezes daria merda. Foi sorte, pura sorte.
Tu andas na boa, não bebe, faz tudo direitinho. Aí aparece um imbecil que pode alterar a escrita da tua vida ou acabar com ela, de graça, sem motivo. Estar vivo é muito bom! Obrigado!
Eram 18h de domingo e passei um dia fabuloso no sítio do meu sogro em Glorinha, eu só no refrigerante e peixinho para manter a dieta e continuar emagrecendo enquanto a galera se gelava grudada numa costela gorda. Viemos todos em dois carros e ninguém queria ir embora.
Na saída, o Mariano resolver vir conosco. Amigo solteiro da família e conhecido Don Juan. A estrada (RS-030) é bem conservada e apresentava movimento nos dois sentidos. De repente surgiu na contramão um Monza vinho de faróis acessos ultrapassando três carros simultaneamente e vindo na minha direção. Minha mulher grita e eu sem ação comecei a ver tudo em câmera lenta.
Vinha a 80 quilômetros por hora ou menos, mas o Monza estava à mil. Sair pro acostamento de areião era optar por perder completamente o controle do carro devido a velocidade que estava. De leve fui desviando pro acostamento sem muita convicção, neste exato momento o Monza quinou e ficou duas rodas no asfalto e duas no areião. Retornei para o meio da pista e fiquei sobre a linha divisória dando passagem para o Monza pegar o meu acostamento. Foi o que fez, com nova guinada o Monza saiu da minha frente e por não menos que uma polegada não bate de frente junto ao farol direito do meu Fox.
O Monza passou voando tão perto do meu carro que chegou a beliscar de leve o retrovisor! Pec! Passou voando pela janela do Mariano que por instinto se jogou para o lado apavorado. Passado o momento relâmpalgo, escostei o carro e fui em direção ao Monza que se estatelou numa vala. O motorista era um jovem e levava a mão às costas e mal coseguia caminhar de tão dolorido que estava. Ele se desculpou dizendo que não havia me visto. Neste momento desce um gaudério de um Pálio azul que era um dos três carros ultrapassados pelo Monza. "Eu te vi morrer batendo de frente" me dizia sem parar, nervoso.
O motorista do Monza com o telefone no ouvido vai saindo de mansinho, como se falasse ao telefone, quando gaudério gritou: "ele vai fugir, vamos pegá-lo!". Ameaçou ir ao encalça do garoto. Naquele instante me caiu a ficha, o carro era emplacado em Veranópolis, estava com o rádio arrancado e os falantes desconectados, um vidro traseiro quebrado. O carro era roubado. Disse ao gaudério ara deixar o rapaz fugir, pois devia estar armado e o carro era roubado.
Neste momento começa a chover e forte. Chamar a polícia foi um sacrifício, não fazem a mínima questão de atender, fazer duzentas perguntas idiotas e não atendem. E eu ali tremendo de frio e de cagaço, putz eu quase morri. Lembrei da minha mulher que ainda estava no carro. Ela não conseguiu sair do carro, estava em choque e apatetada com o episódio, ao me ver implorou para ir para casa. Avisei o gaudério: "Estou no lucro, quase morri hoje, tu fica e atende a polícia. Eu vou pra casa acalmar a patroa".
Fui pra casa e fiquei o resto do domingo meditabundo. Ia ser um domingo de merda, carro batido e hospital, aquela confusão. O Mariano dizendo que se fosse ele dirigindo iríamos morrer, que eu tive muito sangue frio. Pode ser, mas se eu estivesse correndo mais, ou tivesse tomado umas cervejas, ou me assutado ou qualquer outra coisa... Se repetissem o episódio dez vezes, dez vezes daria merda. Foi sorte, pura sorte.
Tu andas na boa, não bebe, faz tudo direitinho. Aí aparece um imbecil que pode alterar a escrita da tua vida ou acabar com ela, de graça, sem motivo. Estar vivo é muito bom! Obrigado!
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3 comentários:
Nossa!!! Que coisa horrorosa passaste!!! Abraço pra vcs dois, tiveram muita sorte mesmo!!!
Vida longa pra ti e tua família.
Boa luta!
Roque
Agente,
Tomara que passe logo todo o trauma que tu, tua esposa e o amigo de vocês passaram. Já me acidentei de carro em 1990 - quase não sobrei pra completar 17 anos quatro dias depois do acidente.
Tive MUITA sorte: morreu uma menina de traumatismo craniano, o namorado dela quebrou a bacia em três partes, deslocou a bexiga, rompeu a uretra e ele levou quase uma década pra se recuperar.
Enfim... Toda a saúde e serenidade do mundo pra vocês!
[]'s,
Hélio
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